Educomunicação

Foto: Roberta Carvalho
Encontro com Gisele Alexandre e Léu Britto reuniu estudantes do Clube de Criadores do EduCapão na Casa Periférica, para trocar vivências sobre jornalismo periférico fortalecendo as narrativas das quebradas.
Por Carolina Rosa
A empolgação dos estudantes era visível durante o encontro promovido na quinta-feira (15), na Casa Periférica, com a participação de Gisele Alexandre e Léu Britto, jornalistas com trajetórias expressivas no jornalismo periférico. A atividade foi uma aula aberta destinada aos educandos do Clube de Criadores do EduCapão e a comunicadores populares da zona sul de São Paulo, envolvendo territórios como Jardim Ângela, Vila Andrade, Capão Redondo e Grajaú.
Realizado na redação do Manda Notícias, o encontro teve como objetivo promover a troca de experiências entre jovens aprendizes e profissionais atuantes na comunicação das periferias. Durante a roda de conversa, os jornalistas convidados compartilharam vivências, destacaram os fundamentos do jornalismo ético e reflexivo e reforçaram a importância da comunicação como ferramenta de transformação social.

Foto: Roberta Carvalho
Gisele Alexandre — jornalista, educomunicadora e consultora de comunicação e mobilização social da UNESCO — trouxe à discussão os pilares do jornalismo periférico, destacando sua trajetória de quase 20 anos dedicada à valorização das narrativas dos territórios populares. Ela refletiu sobre a importância de uma comunicação feita por quem vive a realidade da periferia, com autonomia, responsabilidade e ética.
Léu Britto, fotojornalista premiado e reconhecido por registrar as potências das quebradas por meio da imagem, instigou os participantes a relembrar momentos marcantes da carreira e refletir sobre os desafios enfrentados por quem se comunica das margens. Suas fotos, que já circularam em exposições e publicações relevantes, mostram a força dos territórios e das pessoas que os constroem todos os dias.



Fotos: Roberta Carvalho
O encontro reafirmou a importância do jornalismo periférico como ferramenta de resistência e reconstrução da imagem dos territórios populares. Em contraposição à cobertura sensacionalista das mídias tradicionais — que historicamente marginalizam as periferias ao priorizar pautas de violência, sangue e criminalização — a comunicação feita por quem vive nas quebradas se compromete com a complexidade, a dignidade e a potência desses espaços. É uma disputa direta por narrativas, onde as vozes silenciadas ocupam o centro e mostram que a favela não é só carência, é também potência, cultura, invenção e vida pulsante.
Ao final, os educandos puderam tirar dúvidas, apresentar ideias e percepções sobre a mídia, assim como ouvir conselhos sobre os caminhos possíveis dentro do jornalismo popular e independente. A atividade reforçou a potência das redes de comunicação periférica e o compromisso com uma narrativa construída “de dentro para fora”, onde os próprios moradores contam suas histórias.
A aula aberta foi mais uma ação do Manda Notícias em parceria com o Clube de Criadores do EduCapão, projeto que forma jovens em comunicação e produção cultural na zona sul. Encontros como esse fortalecem a construção de uma comunicação mais democrática, representativa e enraizada nos territórios.