sexta-feira, agosto 1

“Fluxo Poético” mergulha na vida e obra de Sérgio Vaz, o poeta da periferia

Por Carolina Rosa

O Museu das Favelas, no centro de São Paulo, abriu as portas para a exposição Fluxo Poético – Sérgio Vaz: O Poeta da Periferia, que fica em cartaz até 25 de janeiro de 2026. A mostra celebra os 35 anos de caminhada de um dos nomes mais potentes da literatura feita nas quebradas: Sérgio Vaz, poeta, escritor e agitador cultural da zona sul da cidade.

Criador do Sarau da Cooperifa, que desde 2001 movimentou as noites de terça-feira no Chácara Santana, Vaz é conhecido por transformar palavras em ponte — entre a favela e o mundo, entre quem escreve e quem escuta. Antes mesmo do asfalto chegar, a poesia já estava lá, circulando de boca em boca, de caderno em caderno.

A exposição ocupa o térreo do museu com poemas, vídeos, fotos, publicações, objetos e instalações que contam essa história. A de um homem que fez da poesia sua ferramenta de luta, educação e cidadania. É mais que uma retrospectiva: é um mergulho no jeito de fazer cultura que nasce do cotidiano da quebrada, com oralidade, sensibilidade e vivência.

A Cooperifa — Cooperativa Cultural da Periferia — virou escola informal de arte e consciência, revelando talentos e criando espaço pra dona Maria virar poeta, pro moleque do campinho virar escritor. Como diz o próprio Vaz, a cultura da quebrada é tipo uma “antropofagia periférica”: mistura tudo, se reinventa e cospe de volta com a cara da favela.

Com mais de dez livros publicados e uma trajetória ligada ao hip hop, ao futebol de várzea e aos saraus, Sérgio Vaz é hoje um símbolo da potência criativa da zona sul. Fluxo Poético é uma chance de conhecer essa história de perto, e sentir de dentro a força de uma poesia que não cabe só no papel.

Em entrevista ao Manda Notícias em 2024, Vaz contou um pouco do seu caminho e encantamento pela literatura que o trouxe até os dias atuais: “Os filhos imitam os pais, mano. E eu vi meu pai lendo, assim… uma vida simples, sabe? Aí eu peguei um livro, comecei a ler, e meu pai teve a sensibilidade de comprar livros infantis pra mim.” e completou “Eu gostava de ler e quem morava na periferia dos anos 70 e 80, principalmente na zona sul — que foram das épocas mais violentas que a gente viveu — fazia sentido estar num lugar que era um sonho: que era nas histórias. Então fazia muito sentido.”

Assista o episódio na íntegra:

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