sábado, abril 26

Vivências femininas nas artes visuais ganham voz no podcast “Bastidores e Baphos”

Cultura

Foto: esquerda para direita Lia Fênix e Crica Monteiro – Arquivo pessoal

Por Carolina Rosa

Conversas espontâneas, profundas, engraçadas e até filosóficas. É nesse clima que as artistas visuais Crica Monteiro e Lia Fênix lançam o “Bastidores e Baphos”, um podcast que mergulha nas experiências, dilemas e alegrias de duas mulheres atuantes na cena artística de São Paulo. O programa se propõe a ser mais do que um bate-papo: é um espaço de escuta, provocação e liberdade criativa.

Com episódios semanais lançados às quartas-feiras, o podcast já está disponível no Spotify e no YouTube, com cortes e bastidores compartilhados também no Instagram e no TikTok. A proposta nasceu de algo simples, mas muito real: conversas por áudio no WhatsApp, onde temas profundos surgiam de forma natural. “A gente pensou: cara, essas conversas são tão boas, por que não dividir com mais gente?”, conta Crica no episódio piloto.

Do muro ao microfone

Crica Monteiro é artista multimídia, muralista e designer, nascida em São Paulo e criada em Embu das Artes. Já Lia Fênix é natural de Itu e atualmente vive em Sorocaba. Colorida e criativa, ela também transita por linguagens como graffiti e ilustração. As artistas acumulam mais de 20 anos de atuação no universo das artes visuais — dos bastidores da produção ao trabalho autoral.

A dupla se conheceu em 2015, durante o evento “MINA SÓ”, um encontro de graffiti exclusivamente feminino. Desde então, criaram projetos juntas, viajaram por diferentes estados participando de encontros e ações artísticas e fortaleceram uma amizade repleta de trocas, memórias e — claro — baphos.

“Bastidores e Baphos” surgiu da vontade de falar sobre arte, mas sem a obrigação de se limitar a ela. Os episódios abordam desde o uso das redes sociais por artistas, como no episódio #3 “Bode de Redes Sociais”, até reflexões sobre filmes e séries no episódio #4. Tudo isso com leveza, humor e uma linguagem acessível. “Queremos tocar em temas importantes sem perder a espontaneidade”, explicam.

A criação do podcast também se conecta à necessidade de encontrar novos espaços de expressão, especialmente frente às limitações das redes sociais. “No podcast, a gente sente que dá pra desenvolver melhor os papos. A informação entra diferente, sabe?”, diz Lia.

Produzido de forma independente, o podcast é feito com o que elas têm em mãos — literalmente. O “estúdio” é uma call no Google Meet, os equipamentos são básicos, e a edição é feita por elas mesmas. “É bem organização tabajara, mas com muito amor envolvido”, brinca Crica. Lia cuida da identidade visual, enquanto Crica assume a parte de som e vídeo.

Apesar da simplicidade técnica, o conteúdo é potente e cheio de personalidade. “A cada episódio, a gente sente que está aprendendo mais, melhorando. E essa troca com o público é o que nos move”, completam.

Lugar de mulher é onde ela quiser

Um dos pilares do podcast é justamente a vivência de ser mulher, artista e trabalhadora no Brasil atual. “É tipo ser equilibrista de salto alto na corda bamba”, definem. O graffiti, por exemplo, ainda é um campo marcado por desafios de gênero, e as duas não hesitam em denunciar o machismo presente nesse meio — sem deixar de lado a potência e a alegria de fazer arte.

“Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no muro, em cima do andaime com uma lata de spray na mão”, afirmam com orgulho.

Ouça todos os episódios no Spotify e no Youtube:
Spotify: https://open.spotify.com/show/4GDUzQR3mYd0BSLHBZb5E7?si=aRS7mtnhRNiSTAonAoxNUQ

Youtube: https://www.youtube.com/@bastidoresebaphos

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