sábado, setembro 21

Parque Santo Dias e a luta da população periférica no Capão Redondo

Além de ser remanescente de Mata Atlântica, o parque apresenta cerca de 132 espécies de animais e 329 de árvores e outras plantas.

Por Breno Montresor

Vista aérea do Parque Santo Dias Por Emily Bertazzo

Inaugurado em 1992, o parque Santo Dias é fruto da luta da população periférica da Cohab Adventista, distrito do Capão Redondo, por seu direito de acesso à cultura e lazer. Quer saber como ele está hoje? Continue lendo e descubra!

História: O terreno onde o parque está instalado, deriva de uma série de instituições da igreja Adventista no local, datadas desde 1912, quando Uladislau Herculano de Freitas, dono de grande área do Capão Redondo, vendeu suas terras. Cerca de um terço delas foi comprada por Pantaleão Teislen, que ergueu sua fazenda, vendendo tudo ao pastor John Bohem, em 1915. Lá foi fundado o Seminário Adventista, que seguiu até o final de 70, quando foi desapropriado.

O espaço foi testemunha da luta da população por seus direitos de acesso ao lazer e à cultura, unidos na associação de moradores da região, até que o parque fosse construído, pela então prefeita Luiza Erundina, em 7 de setembro de 1992. Uma das figuras mais importantes dessa batalha foi aquela que nomeia o parque: Santo Dias da Silva, operário metalúrgico e morador da região, que foi morto covardemente pela polícia militar em outubro de 1979, durante uma manifestação de trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho nas fábricas.

Projeto social: Atualmente, o parque oferece uma série de atividades esportivas e de lazer para a população, como o Projeto Vida Corrida, criado por Neide Santos, moradora da região, que todas as manhãs realiza aulas de atletismo, futebol, condicionamento físico e várias outras atividades para a adultos e crianças, tudo gratuitamente.

Natureza: Além de ser remanescente de Mata Atlântica, o parque apresenta cerca de 132 espécies de animais e 329 de árvores e outras plantas, sendo que cerca de 10 estão em risco de extinção e a maioria são endêmicas. Isso só comprova os benefícios de se ter áreas como essa pela cidade, pois faz bem para a natureza e para a população, ajudando tanto com corpo quanto com mente para os frequentadores.

Desafios: Os usuários não relatam muitos problemas, porém, os poucos citados são críticos: “Pode melhorar, assim, a segurança, né? Porque está tendo muitos moradores de rua, essas coisas, entendeu, que está invadindo o espaço da gente”, disse Dona Olga.

“Só me sinto segura até às 15h, depois disso não tem condição, tem muito usuário de droga”, afirmou Rafaela Elizabeth.

Relatos de uma situação muito triste na história desse espaço, que deveria ser de orgulho da população.

Mesmo assim, a atual administração foi elogiada pelos usuários: “A tendência dele é melhorar mais, graças a Deus. Aí tá vindo uma administração que tá dando uma melhorada no parque. Porque antes ele era muito mais abandonado, agora tá dando uma melhorada”, contou Daniel da Silva.

E está certo, pois, segundo as pessoas ouvidas, o fluxo de dependentes de drogas parece ter diminuído nos últimos anos, porém ainda tem muito o que melhorar. Algumas das medidas cabíveis indicadas pelos usuários do parque, seria a instalação de câmeras de monitoramento, o aumento de seguranças pelos caminhos do parque, e a ativação do Conselho Tutelar quando observados menores de idade em situação de vulnerabilidade.

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