Eleições 2024
Por Carolina Rosa
A eleição para a Prefeitura de São Paulo será decidida no segundo turno, marcado para o dia 27 de outubro, entre o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Após a apuração de 100% das urnas, Nunes obteve 1.801.139 votos, correspondendo a 29,48% dos votos válidos, enquanto Boulos ficou com 1.776.127 votos, o equivalente a 29,07%, configurando uma disputa bastante acirrada.
No total, 6.773.587 eleitores (72,66%) compareceram às urnas neste primeiro turno. Foram registrados 241.734 votos em branco (3,57%) e 422.802 votos nulos (6,24%). O índice de abstenção chegou a 27,34%, ou seja, 2.548.857 eleitores não compareceram para votar. Como nenhum dos candidatos atingiu a maioria dos votos válidos, será necessário o segundo turno entre os dois mais votados.
Perfis dos Candidatos
Ricardo Nunes, de 56 anos, nasceu em São Paulo e ocupa atualmente o cargo de prefeito da cidade, posição que assumiu após a morte de Bruno Covas, de quem foi vice-prefeito. Empresário e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, Nunes já foi vereador por dois mandatos (2012 e 2016) e agora busca a reeleição. Sua chapa, “Caminho Seguro para São Paulo”, tem o coronel Mello Araújo (PL) como candidato a vice.
Guilherme Boulos, de 42 anos, também paulistano, é formado em Filosofia e exerce atualmente o mandato de deputado federal pelo PSOL. Boulos já concorreu à presidência da República em 2018 e disputou a prefeitura de São Paulo em 2020, sem sucesso. Agora, ele volta à disputa pelo comando da cidade com a coligação “Amor por São Paulo”, que inclui PSOL, Rede, PDT e a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB). Sua candidata a vice é a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Representatividade política
Os candidatos que avançaram para o segundo turno das eleições em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), apesar de terem conquistado números de votos muito próximos, representam visões ideológicas bastante distintas, refletindo a polarização que ainda marca o cenário político brasileiro.
Ricardo Nunes, atual prefeito e candidato à reeleição, é um político de centro-direita, com uma postura fortemente alinhada ao conservadorismo, sobretudo em questões morais e religiosas. Em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Nunes reafirmou seu compromisso com pautas como a defesa da “família tradicional” e a oposição à ideologia de gênero, aborto e liberação de drogas. Ele destacou sua proximidade com as políticas defendidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, enfatizando que não há diferenças significativas entre suas convicções. “Deus, família e liberdade têm tudo a ver com o que eu sempre defendi”, disse Nunes, referindo-se a temas que, segundo ele, são centrais em sua atuação política.
Guilherme Boulos, por outro lado, representa uma visão progressista, centrada em políticas de inclusão social e justiça econômica. Com uma abordagem que valoriza a participação coletiva e o fortalecimento das comunidades mais vulneráveis, Boulos tem como proposta principal a construção de uma cidade mais igualitária e solidária. Em suas declarações, ele enfatiza a necessidade de que a riqueza gerada por São Paulo seja distribuída de maneira mais equitativa, alcançando as periferias que o levaram ao segundo turno. “Nossa missão é fazer com que essa riqueza de São Paulo chegue para todos”, disse Boulos, ao lado de sua vice, Marta Suplicy, ex-prefeita da capital.
A disputa entre Nunes e Boulos, portanto, vai além dos números apertados nas urnas e reflete dois projetos políticos antagônicos: de um lado, a manutenção de um modelo mais conservador e, de outro, a busca por uma cidade pautada pela justiça social e pela inclusão das periferias. O segundo turno promete uma intensa batalha entre essas visões de como governar São Paulo.