Movimento Hip-hop ganha exposição com acervo inédito no centro de São Paulo

Cultura

Fotos release HIP‑HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break. Foto: Sesc

Por Carolina Rosa

Instalações no Sesc 24 de Maio mergulham o público na linguagem da rua com sons, grafites, movimentos e resistência periférica

Com figurinos originais, flyers de bailes black, um vagão cenográfico de metrô e mais de 3 mil itens inéditos, a exposição HIP‑HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break ocupa o Sesc 24 de Maio até março de 2026. A mostra mergulha o público na cena cultural que surgiu das ruas paulistanas nos anos 1980, reunindo imagens, sons e memórias de uma juventude periférica que transformou a arte urbana em resistência.

Localizada na região central de São Paulo, a exposição é uma verdadeira imersão nas origens do hip-hop paulista. O percurso sensorial recria espaços emblemáticos como a Estação São Bento — berço do breakdance no Brasil —, a Praça Roosevelt e os arredores do próprio edifício que hoje abriga o Sesc.

Fotos release HIP‑HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break. Foto: Sesc

A curadoria é coletiva e potente: KL Jay (Racionais MC’s), Sharylaine, Thaíde, Rose MC, OSGEMEOS e outros nomes históricos assinam a seleção das obras. Além de objetos e arquivos pessoais, o público poderá assistir a projeções de filmes que influenciaram a geração 80’s, como Beat Street e Style Wars, e participar de oficinas de DJ, graffiti e breaking.

“O Hip-Hop foi uma linguagem de sobrevivência, a gente fazia sem saber que estava fazendo. Era resposta à violência, ao racismo, ao abandono”, afirma o artista e curador Nelson Triunfo, um dos pioneiros do movimento no Brasil.

Nos anos 1980, São Paulo vivia o impacto das migrações internas, o avanço da urbanização e a repressão policial em territórios periféricos. Foi nesse cenário que jovens pretos e pobres, inspirados por filmes e videoclipes que circulavam nos cinemas e VHSs, começaram a ocupar as ruas com dança, música e arte visual. Na ausência de políticas públicas e espaços culturais acessíveis, surgiram os bailes de garagem, os encontros na estação de metrô e as primeiras crews de dança.

A exposição relembra esse período sem romantização: mostra a precariedade, mas também a inventividade de uma juventude que criou códigos, estética e voz própria. Um dos espaços mais simbólicos é o vagão cenográfico de metrô instalado na mostra, onde acontecem ações educativas e rodas de conversa — conectando passado e presente, periferia e centro.

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